Atualizado em 17 julho, 2023 às 10:40

Foto: Envato

A Educação brasileira, e em particular os educadores, esperam uma punição exemplar ao deputado federal Eduardo Bolsonaro, pelo deplorável discurso de ódio proferido no último domingo, durante um evento pró-armas em Brasília no qual comparou professores a traficantes de drogas.

A diarreia verbal do deputado, marca de sua militância extremista de marcante inspiração nazifascista, desta vez extrapolou todos os limites. Sua intenção evidente foi a de instigar a violência contra professores. Ao confundir imunidade parlamentar com impunidade, porém, ele se esqueceu de olhar no calendário. O tempo de suas bravatas proferidas sob a proteção do estado bolsonarista já passou. O povo brasileiro escolheu outro caminho, o da Paz e o da Democracia. O caminho da Educação, da Cultura e da Ciência.

O Brasil, desde o Planalto, deixou para trás aqueles que flertavam com o obscurantismo e voltou a olhar a Educação como um pilar para a construção de um país civilizado. Ou, melhor dizendo, reconstrução, a partir dos escombros de civilidade deixados pela tempestade de ódio e ignorância que soprou de 2019 a 2022.

Os professores são trabalhadores que, de norte a sul deste país, desafiam as dificuldades – entre elas baixa remuneração, escasso reconhecimento e, mais recentemente, risco à integridade física. Os educadores realizam todos os dias a tarefa grandiosa de educar aqueles que assumirão postos de trabalho e liderança num futuro próximo. São sabedores de que educar um povo significa libertá-lo.

Eduardo Bolsonaro deseja um país aculturado, por isso insufla uma plateia de seguidores sob seu comando a perseguir os professores. Estimula o ódio e acende o pavio da violência. Tal atitude sórdida, vinda de um agente público com assento no Congresso Nacional, configura absoluta quebra de decoro parlamentar. Não pode ser tolerada.

Ainda que uma parcela dos brasileiros ainda faça coro à aberração do modelo político – felizmente derrotado – que Eduardo Bolsonaro representa, suas diatribes e arroubos de filhote de pseudoditador acovardado já não encontram eco na maioria da população.

A escola merece respeito, o professor não pode ser atacado em sua dignidade em momento nenhum. Criar polêmica para manter um ambiente conflagrado e polarizado só serve àqueles que, vivendo de mentiras e sob o império do mal, há pouco se imaginavam acima da lei, mas hoje têm no seu encalço a Justiça e as portas da cadeia.

Que a Polícia Federal e a Procuradoria Geral da República analisem o ataque de Eduardo Bolsonaro, e que o parlamentar seja levado ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Uma punição rigorosa é o que merece quem prega o ódio e tão estupidamente desmerece educadores.

*Azuaite Martins de França é segundo vice-presidente do CPP e diretor da sede regional de São Carlos