Estatísticas devem sempre ser analisadas com cautela. Embora o ditado diga que os números não mentem jamais, é possível que eles nos levem a uma visão distorcida da realidade, especialmente diante de pesquisas. Feita essa ressalva, não dá para deixar de comemorar a redução dos índices de mortalidade infantil no Brasil (consideradas crianças de até 5 anos de idade).

Relatório do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) divulgado sexta-feira aponta que o índice caiu 77% nos últimos 22 anos no Brasil. Segundo o estudo, realizado em colaboração com a Organização Mundial da Saúde e o Banco Mundial, o país registrava 62 mortes por mil nascimentos e passou para 14 mortes por mil nascimentos. Na taxa de mortalidade neonatal (nos primeiros 28 dias de vida),  o Brasil apresentou queda de 68%, saindo de 28 mil mortes por mil nascimentos para 9 por mil nascimento.

Há várias razões que ajudam a explicar essa perfomance. O próprio estudo do Unicef aponta algumas e inclui entre elas a criação de programas sociais como o SUS (Sistema Único de Saúde) e o Bolsa-Família, além de de investimentos em saúde. Há uma série de outras variáveis que contribuem para a redução das taxas de mortalidade infantil e que merecem ser priorizadas. A Educação sobretudo. Estudo do Censo de 2010 mostra que a maior causa desse tipo de morte está relacionada à taxa de alfabetização da população com mais de 18 anos. Para cada ponto percentual retirado da taxa de analfabetismo da população de 18 anos ou mais, a taxa de mortalidade de crianças cai 4,7 pontos. O impacto da alfabetização de adultos sobre a mortalidade de crianças é duas vezes maior do que o da pobreza e da falta de saneamento básico.

Editorial desta terça-feira do Diário de S.Paulo.

SECOM/CPP