Com as escolas fechadas em todo o mundo devido à pandemia da Covid-19, muitas instituições que atuam na área da Educação defendem soluções tecnológicas e/ou a adoção de outras modalidades de ensino (Educação a Distância, educação domiciliar), para ultrapassar a crise.

 A Fundação Lemann, por exemplo, junto com trinta organizações sociais, está trabalhando em projetos de educação a distância, além de oferecer apoio técnico para estruturar o ensino remoto. O Todos pela Educação, por sua vez, atua junto ao Ministério da Educação (MEC) e ao Conselho Nacional de Educação (CNE), a fim de influenciar a agenda nacional nesse campo.

O isolamento abriu um espaço para a atuação daqueles que defendem a privatização do ensino público e a adoção da tecnologia como solução para a educação (com apps, plataformas, materiais e cursos online). De fato, esse é um mercado promissor para o setor financeiro.

 

Muitos desses grupos:

  • defendem o uso da tecnologia nas redes públicas como solução mais barata e adequada a sua concepção de educação;
  • minimizam as reivindicações da categoria relativas ao financiamento da educação e às reformas estruturais, como plano de carreira docente, infraestrutura escolar etc.;
  • focam o uso da tecnologia no estudante, não valorizam o trabalho do professor e da professora. O ensino e a aprendizagem acontecem a despeito dos profissionais da educação;
  • têm uma concepção de avaliação que valoriza os resultados mensuráveis capazes, segundo eles, de indicar eficiência;
  • não valorizam e não fomentam o diálogo ou a participação dos que trabalham e estudam na escola pública. Não valorizam o diálogo entre o governo e as entidades da categoria;
  • defendem a formação de técnicos em educação.

Estamos diante do fim da escola pública e da nossa profissão? Da desprofissionalização?

Maria Claudia Junqueira, coordenadora do Encontro dos Professores Representantes.