As notas dos cursos avaliados pelo Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), divulgadas no mês passado pelo Ministério da Educação, demonstram a fragilidade de boa parte das instituições de ensino no país. As causas podem ser as mais diversas possíveis, mas servem de alerta para reavaliação da educação e dos cursos universitários no Brasil.

 

Embora questionado e boicotado por algumas instituições, esse indicador é importante para fazer um novo diagnóstico do que ocorre no sistema de ensino superior. Na avaliação efetuada com os cursos de administração, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social, design, direito psicologia, relações internacionais, secretariado executivo e turismo, pelo menos 30% tiveram nota abaixo de 3, o que é considerado insatisfatório pelo MEC.

 

A busca pela eficiência depende de investimentos efetuados em estrutura física (salas de aula, biblioteca, laboratórios), corpo docente de qualidade, menor quantitativo de alunos por turma e o comprometimento da gestão em estimular e investir na capacidade dos alunos e docentes. Em geral, o que se observa é a massificação do número de alunos com menor humanização do ensino, distanciando os professores dos estudantes. Essas premissas devem ser avaliadas se o objetivo é a melhoria do ensino superior no país, inclusive analisando o projeto pedagógico e sua capacidade de antecipar as mudanças estratégicas do curso em relação às exigências do mercado de trabalho.

 

A partir de agora, a análise precisa ser melhor depurada. Ainda temos pontos para trabalhar e pensar para instruir de forma eficaz o acadêmico, assim como dar perspectivas de empregabilidade. Não podemos deixar de lado os contratantes, que necessitam de profissionais que tomam decisões em suas atividades diversas. Esse elo ainda é um desafio. Temos de pensar na formação de um profissional completo.

 

Ponto de Vista de Reginaldo Gonçalves é coordenador do curso de ciências contábeis da Faculdade Santa Marcelina.