Atualizado em 04 dezembro, 2023 às 10:19

Estátua de mármore do filósofo Platão, na Academia de Atenas, Grécia – Foto: Sianstock/Envato.

O Centro do Professorado Paulista (CPP), diante da proposta do governo de São Paulo em reduzir aulas de Artes, Filosofia e Sociologia do currículo no Ensino Médio, vem a público se posicionar contrário a mais esta medida do Executivo paulista. Fundamentais para uma formação humanista dos estudantes da rede pública de ensino estadual, estas três disciplinas são também essenciais na preparação de cidadãos com espírito crítico, analítico e criativo.

Pela proposta do governo paulista, aumentarão as aulas de Matemática (terão complementação de educação financeira) e Português no currículo do Ensino Médio, o que é importante para o reforço nestas duas disciplinas. Porém, para que isso aconteça, aulas de Artes, Filosofia e Sociologia serão reduzidas (aumentadas somente para alunos que optarem por um dos dois itinerários formativos propostos pelo estado no Ensino Médio, no caso o de Linguagens/Ciências Humanas).

Além da redução do ensino das três disciplinas na nossa escola do povo, é inadmissível que um secretário de Estado, como o senhor Fábio Pietro, da pasta da Justiça e Cidadania, dispare impropérios como os da última quinta-feira (23), na 4° Conferência Estadual da Juventude de São Paulo. Na ocasião, Pietro disse o seguinte, a uma plateia repleta de estudantes, algo que atingiu todos os professores da área de Humanas: “No meu tempo, o colégio público me ensinou Matemática e Português, e é por isso que eu estou aqui. Por isso que eu fui juiz federal e secretário de Estado. É porque eu sei Matemática e Português. E a turma do sindicato fica dando aula vagabunda de Filosofia e Sociologia, para que vocês não aprendam nada. Vocês vão aprender agora Matemática e Português”.

O discurso infeliz e ofensivo do secretário, como lembrou o jornalista Bob Fernandes em vídeo no seu canal no YouTube, mostra que Pietro tem total desconhecimento da História, pois o filósofo Platão era também um matemático, bem como seu colega Aristóteles. “Isso não os impediu de sistematizar e ensinar sobre outros saberes”, enfatizou Fernandes.

Cabe também lembrar ao secretário que disciplinas como Filosofia e Sociologia não são aplicadas ou decididas por sindicatos ou entidades representativas de profissionais da Educação, mas sim pelo Ministério da Educação (MEC). E que ambas constam na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).