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Roberto Dias
Foi divulgado nesta semana o Índice de Capital Humano, estudo do Fórum Econômico Mundial que tenta medir a capacidade de cada país de preparar suas pessoas. O Brasil figura no 83º posto, num total de 130. A empurrá-lo para o fim da fila está a qualidade da educação primária, lista em que aparece na zona de rebaixamento (118º lugar).
É difícil deparar-se com o relatório sem pensar que até a discussão para superar o atraso é em si atrasada.
Mais do que repisar uma obviedade —muitos sistemas educacionais estão desconectados do mercado de trabalho—, o estudo a relaciona especificamente a uma lacuna, a das habilidades não cognitivas, definidas ali como ligadas “à capacidade de um indivíduo de colaborar, inovar, dirigir-se e resolver um problema”.
Lacuna que é pouco preenchida pela imensa energia despendida aqui nas discussões sobre a Base Nacional Curricular.
A própria formatação do documento, embora necessária, chega tarde, numa época em que a transmissão do conhecimento mais e mais se dá de formas menos controláveis.
O grande problema, porém, é que o buraco é bem maior. O país não cumpriu nenhuma meta do Plano Nacional de Educação. Nem 5% dos colégios têm a infraestrutura exigida por lei. Metade das escolas públicas está desconectada da rede. Lousa digital é raridade da raridade.
A coisa não está nem em vias de dar certo. Num cenário desses, a discussão poderia focar a tecnologia e o setor privado como elementos aceleradores —nesta semana, nos EUA, a Amazon anunciou uma investida nesse mercado ao criar um site para distribuir material didático.
Assim como o Plano Nacional de Banda Larga acabou atropelado pela revolução mobile, gastar menos energia com esse dirigismo sobre a vida dos alunos não seria má ideia. Por sinal, derrubar o banimento total do celular nas escolas públicas, como ocorre em SP, teria lá seu simbolismo.
Roberto é jornalista e secretário de redação da área de produção da Folha de São Paulo