Foto: Caio Cezar/Folha press

A estudante Isadora Faber (17), que ficou conhecida há quatro anos ao criar a página Diário de Classe no Facebook para denunciar problemas da escola pública onde estudava, em Florianópolis (SC), tornou-se aluna da rede particular e diz estar vivendo “um choque de realidade”.

Ela está no último ano do ensino médio e pensa em tentar uma vaga no curso de relações internacionais. “Sempre quis experimentar [a rede particular] para sentir a diferença. Isso não fez com que eu esquecesse do sistema de ensino público, que sempre foi meu foco.”

O combinado com os pais era que ela passasse a estudar na rede particular no colegial. A mensalidade gira em torno de R$ 1.500, mas a menina fez um acordo com a escola: ganhou um ano de bolsa integral, e sua família está custeando os outros dois.

Por causa do vestibular, Isadora tem se dedicado pouco ao site, que tem cerca de 560 mil curtidas. “A troca de colégio foi um choque de realidade. Deixou claro que meu ensino fundamental foi muito fraco. Tenho me dedicado muito pra correr atrás dos anos perdidos.”

Ela também tem investido pouco tempo à ONG Isadora Faber, que criou para fomentar projetos educacionais – até o momento, o grupo não conseguiu apoio financeiro para suas ideias. A adolescente virou notícia em 2012, quando estava na sétima série, depois de relatar na internet problemas de infraestrutura em sua escola, como fechaduras estragadas e tomadas desprotegidas.

Ela estudava no colégio municipal Maria Tomázia Coelho e criou a página inspirada em um blog de uma estudante que fotografava merendas escolares. A iniciativa ficou conhecida em todo o país, despertando tanto elogios quanto críticas.

Política

Isadora diz que já foi procurada “por muitos partidos” políticos e que frequentemente pessoas a incentivam a se candidatar. “Sei que, sem participar de política, é bem difícil fazer os projetos sociais. Mas não é meu foco”.

Tranquilidade

O Diário de Classe deu visibilidade a Isadora, mas também trouxe dores de cabeça. Ela chegou a ser acusada de difamação e enfrentou críticas de educadores e colegas. Em 2012, após o projeto ficar conhecido, a casa dela foi apedrejada. A família também procurou a delegacia naquele ano para registrar ameaça de morte.

Isadora diz que ainda hoje não se sente tranquila ao andar pelo bairro onde mora, porque “algumas vezes as pessoas ainda querem comprar confusão”. “Faria tudo de novo. Não me arrependo de nada que aconteceu”, diz. Na nova escola, ela ainda é vista como “a garota do Diário de Classe”. “Quando levantam polêmicas na aula sempre querem que eu participe.”

Fonte: Folha de S.Paulo