Mozart Neves Ramos

 

Os resultados mostram que o Brasil, no século 21, ainda não consegue alfabetizar completamente as suas crianças. Os resultados são preocupantes e revelam o caráter de urgência com que deveria ser tratado o assunto. O quadro fica pior se colocamos nossa lupa nas Regiões Norte e Nordeste. A avaliação Nacional de Educação (ANA) revela o berço da desigualdade educacional no Brasil, que já se manifesta no processo de alfabetização.

 

Esse grave quadro não é de todo uma surpresa. Em 2012, o País lançou o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), na tentativa de reverter essa situação já perceptível, com base em dados preliminares do movimento Todos Pela Educação. Se o Pnaic foi bem articulado e planejado, sua execução não está tendo os resultados esperados.

 

A avaliação não deve ser apenas o diagnóstico, mas também um instrumento de mudança. Para dar certo, é preciso uma coordenação federativa mais ampla, comandada pelo governo federal, e aproveitar melhor exemplos de sucesso, como o Ceará. Lá, foram criadas políticas de responsabilização. Atrelar repasses aos resultados de alfabetização fez os prefeitos se movimentarem.

 

Também precisamos urgentemente rever a formação de nossos alfabetizadores. Na verdade, o Brasil deixou de formá-los. Fazemos uma formação continuada que não responde aos desafios do chão de escola. A Base Nacional Comum, cuja versão preliminar foi divulgada em 17 de setembro pelo Ministério da Educação, será um forte estímulo para aperfeiçoar a formação de alfabetizadores. O currículo estabelece parâmetros claros do que deve ser ensinado em cada etapa.

 

Além de boa formação, é preciso valorizar o alfabetizador. Esse profissional ganha bem menos que os professores dos ensinos fundamental e médio.

É Diretor do Instituto Ayrton Senna