A Secretaria de Estado da Educação suspendeu a compra de livros para alunos e professores de escolas estaduais. Os títulos serviriam para compor acervo de bibliotecas e salas de leitura. Segundo o presidente da CBL (Câmara Brasileira do Livro), Luís Antonio Torelli, o último edital de compra foi publicado em 2013 e, a partir de 2014, foi cancelado. Na última quarta-feira, de acordo com Torelli, o secretário da Educação, Herman Voorwald, afirmou à CBL que a secretaria não vai adquirir livros em 2015 e 2016. A justificativa apresentada, diz ele, foi contenção de gastos. “Essa é uma medida absurda. Se é preciso cortar despesas, não se pode prejudicar algo tão essencial como o hábito de leitura”, afirma.

 

No site do FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação), do Estado de São Paulo, comunicado de 21 de março de 2014 informa que o processo de seleção de livros para três programas da rede estadual de ensino estava suspenso temporariamente por “contingenciamento de despesas”. “Vai ser difícil, principalmente para as editoras de pequeno porte. Algumas se especializaram em programas de bibliotecas escolares e contavam com o edital do governo”, afirma Torelli.

 

As editoras esperavam que cerca de 18 milhões de livros fossem comprados este ano. “Essa receita é importante para o bom funcionamento das editoras”, afirma o presidente da Abrelivros (Associação Brasileira de Livros Escolares), Antonio Luiz Rios da Silva. Para ele, deixar de atender um Estado como São Paulo faz com que editoras percam visibilidade de suas obras. “O que mais nos entristece é o fato de que isso é prejudicial para a formação dos alunos.”

 

Redução prejudica alunos, diz editora. O superintendente da editora Melhoramentos, Breno Lerner, afirma que a suspensão das compras de livros para as escolas estaduais vai gerar cerca de 5% de queda no faturamento da empresa. “Somado à crise econômica, esse corte vai nos obrigar a reduzir o lançamento de títulos neste ano. Em 2014 foram quase 200, mas em 2015 devemos lançar 160”, diz Lerner. Para o superintendente, mais que as editoras, os grandes prejudicados serão os alunos. “Esse corte vai trazer um reflexo na formação das crianças e não será positivo”, afirma.

 

Acervo é suficiente diz gestora. A coordenadora da CGEB (Coordenadoria de Gestão da Educação Básica) da Secretaria da Educação, Ghisleine Trigo, afirma que o Estado já investiu mais de R$ 200 milhões para reforçar os acervos de livros das escolas. De acordo com Ghisleine, o corte não prejudica os estudantes porque há número suficiente de títulos para eles. “Estamos em uma fase de verificar junto dos alunos o que eles estão lendo, qual a opinião deles e qual o gênero em que eles mais apreciam”, afirmou a coordenadora.

Secom/CPP – informações do jornal Agora São Paulo, deste sábado (18).