O movimento de alunos contra as mudanças na rede estadual anunciadas pelo governador Geraldo Alckmin se espalhou e já afeta as aulas de pelo menos 26 mil estudantes em 25 colégios invadidos, segundo a secretaria da Educação. Os manifestantes protestam contra a intenção do governo estadual de dividir parte das unidades por ciclos únicos (anos iniciais e finais do fundamental e o médio).

 

Para isso, a gestão atual deve viabilizar em 2016 o fechamento de 92 escolas e o remanejamento de cerca de 300 mil alunos – a rede tem 5.147 escolas e 3,8 milhões de estudantes. Ao todo, 754 unidades terão só um ciclo no Estado.

 

A Secretaria da Educação do Estado quer transferir para um colégio que fica na região da cracolândia, centro de São Paulo, alunos de 11 a 14 anos que ainda estão no ensino fundamental. A escola é uma das 20, segundo levantamento feito pelo jornal O Estado de São Paulo, que nesta segunda-feira (16), eram ocupadas por estudantes na capital, região metropolitana e interior, o governo confirma 17.

 

Em meio ao processo de reorganização das escolas para ter ciclo único, o governo estadual tornará a escola João Kopke, na Alameda Cheveland, em unidade responsável por oferecer apenas os anos finais do ensino fundamental, que atende crianças e adolescentes do 6º ao 9º ano. Hoje, a João Kopke abriga estudantes dos ensino médio e fundamental. A ideia é que os alunos mais velhos sejam “trocados” pelos mais novos que estudam na Escola Estadual Fidelino Figueiredo, em Santa Cecília. Dess forma, o outro colégio passará a ter apenas o ensino médio.

 

A Secretaria da Educação informou segunda-feira (16), por meio de nota, que a Diretoria Regional de Ensino Centro levou em consideração o endereço dos alunos ao fazer a reorganização. Para os pais descontentes, a secretaria informou que “será aberto um período para transferência entre os dias 18 e 25, em que os pais poderão alterar a matrícula dos seus filhos”.

 

Protesto

Os portões da João Kopke ficaram trancados com grades e cadeado durante o dia. Os alunos decidiram em assembleia ocupar o colégio até que a mudança fosse revertida. Por volta das 14h, parte dos estudantes bloqueou a Alameda Cleveland e entrou em uma bate-boca com policiais militares que tentavam manter o fluxo de carros na região. Frequentadora da cracolândia há um ano, Benedita Pereira de Souza, de 45 anos, chegou ao colégio para oferecer ajuda aos alunos. Ela foi ao local a acompanhada do padre Júlio Lancellotti, da Pastoral dos Povos de Rua, para entregar comidas e cobertores aos manifestantes. “Vim apoiar a luta deles. Eu tive cabeça fraca e não estudei quando deveria. Eles precisam estudar em escola boa, senão vão parar na cracolândia, como eu.”

 

O ato também teve apoio de professores do colégio. “É uma desorganização. Essa escola é a única referência de ensino médio que eles têm na região. Querem mandar os alunos para Santa Cecília, mas eles moram aqui”, disse a professora de História Maria Aparecida Gomes da Silva, de 53 anos. “Estamos apoiando o movimento deles”, afirmou a professora de Português Andreia Cristina Gonçalves, de 43 anos.

 

Secom/CPP – informações do jornais: Agora S.Paulo, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo.