O mais tradicional e prestigiado prêmio da literatura brasileira chega à sua 58º edição; o lançamento foi na noite de 19 de maio, na Academia Paulista de Letras

Os acadêmicos José Goldemberg, Pedro Bandeira, Marisa Lajolo, curadora do Prêmio Jabuti, Gabriel Chalita, presidente da Academia Paulista de Letras e Secretário Municipal da Educação de São Paulo, e Luís Antonio Torelli, presidente da Câmara Brasileira do Livro integraram a mesa que deu início ao lançamento do prêmio que trata da leitura e da importância do reconhecimento dos escritores brasileiros.

Lygia Fagundes Telles, considerada a maior escritora viva do Brasil, indicada ao Prêmio Nobel de Literatura, estava presente e foi cercada por merecida atenção e admiração do público e da mídia. Lygia venceu o Prêmio Jabuti por três vezes. Uma das primeiras mulheres a se formar na Faculdade de Direito da USP, a escritora, integrante da Academia Brasileira de Letras, da Academia Paulista de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa, está a um passo de conquistar o primeiro Nobel no Brasil.

O Centro do Professorado Paulista esteve presente, representado pela diretora Maria Claudia de A. Viana Junqueira. Os ilustres Acadêmicos, em entrevista, opinaram a respeito do hábito da leitura entre os brasileiros.

Segundo o professor Gabriel Chalita, “a leitura faz com que tenhamos uma visão diferente do mundo. É desafiador fazer uma criança se encantar por um livro. Erra quem acha que as crianças não gostam de ler. Mas, se o pai não lê e o professor também não lê, será quase um milagre a criança sentir vontade.

O professor José Goldemberg, físico, membro da Academia Brasileira e Ciências, e ex-ministro da Educação comentou o resultado da pesquisa que mostra que 30% dos brasileiros nunca compraram um livro. “A maioria da população brasileira é alfabetizada, mas é preciso desenvolver o gosto pela leitura. Os livros precisam ser atraentes, e conseguir proporcionar uma identificação ao leitor. É importante, também, que tenham preços acessíveis à população.
 

Pedro Bandeira de Luna Filho, consagrado por suas obras infantojuvenis, ganhador de vários prêmios como o Jabuti, membro da Associação Paulista de Críticos de Arte e da Câmara Brasileira do Livro, fez o seguinte pronunciamento: “De cada 4 adultos no Brasil, um é capaz de compreender o que lê. O problema são os outros ¾. Precisamos conquistá-los. E só vamos conseguir por meio da educação. Não temos olhado para a educação fundamental. Se uma criança sabe ler, o resto ela faz sozinha. É preciso que ela saiba entender o que lê até os seus 8 ou 9 anos. É essa a luta. Mas não vejo isso acontecer. Ouço falar em investimento nas universidades, nada contra, mas ninguém chega lá. Continuamos a fazer o que os portugueses fizeram, um país para a elite enriquecer. Continuamos da mesma forma de quando fomos descobertos. Quando iremos dizer independência ou morte?”

Luís Antonio Torelli, presidente da Câmara Brasileira do Livro, falou orgulhoso: ” Temos grandes eventos. A Bienal do Livro, que acontece este ano, o Congresso do Livro Digital, mas o Prêmio Jabuti é a menina dos olhos da Câmara Brasileira do Livro. A cada edição procuramos aperfeiçoar. No ano passado batemos o recorde de inscrições. Foram mais de 2.500 inscrições. Neste ano é bem possível que este número seja superado.”

A respeito da 58ª edição, a professora Marisa Lajolo, curadora do Jabuti, explicou: “mantivemos a inclusão das duas categorias do ano passado, o Livro Infantil Digital e uma categoria de grande circulação e nas escolas, que é a Adaptação.”

O lançamento do Prêmio Jabuti foi um sucesso. Já mostrou a que veio, valorizar o livro e a leitura, dar visibilidade aos escritores, inovar na premiação, como é o caso da Categoria Adaptação: livros compostos por adaptações de obras anteriores, seja por meio de nova redação, seja por transposição de linguagens, por exemplo, e as adaptações de obras literárias para quadrinhos.