Fotos: divulgação/Cel.Lep

Palestras de Gabriel Perissé e Rosely Sayão levam educadores à reflexão no Cel.Lep in school

 
“Liderança é um direito e um dever de todos.” Essa foi a frase que marcou a abertura do Cel.Lep in school, evento para professores realizado em São Paulo pelo Cel.Lep Ensino de idiomas S.A. A mensagem inicial partiu do trabalho de Gabriel Perissé, pós-doutor em filosofia e história da educação pela Unicamp, ao ministrar a palestra “Liderança: uma questão de educação”. Na sequência, Rosely Sayão, psicóloga e consultora em educação, tratou do ambiente escolar e o professor, com o tema “O resgate da escola como espaço profissional da educação”.

 

A proposta de Gabriel Perissé foi estimular o pensamento crítico no exercício da liderança, considerando o potencial de orientador de profissionais da educação, seja em sala de aula, seja em cargos de direção. Segundo ele, pesquisas mostram que entre 30% e 40% dos professores não gostariam de atuar na área em que atuam, o que aponta para falta de liberdade. “Quem faz o que não gosta não é livre”, pontuou, chamando atenção para a incompatibilidade entre posição de liderança e dificuldade de conduzir a própria vida de acordo com o que agrade.

 

Perissé ressaltou, ainda, que liderança não necessariamente tem a ver com hierarquia de funções. Como exemplo, mencionou o ditado que diz “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. “Quem obedece sem pensar é irresponsável. A condição de líder está igualmente em ser capaz de avaliar demandas hierarquicamente superiores.” O filósofo sugeriu a Pedagogia do Encontro, proposta elaborada por ele a partir de estudos do autor espanhol Alfonso López Quintás, como meio de facilitar o pensamento crítico. “Encontro é discordar, sofrer, mas viver com e para o outro. É esquecendo-se de mim que eu serei lembrado.”

 
Valores da liderança do encontro: conhecimento (vencer limitações, preconceitos); curiosidade (fugir do tédio); carisma (sorrir faz bem); comunicação (disposição para interagir); compreensão (amar para ser amado); companheirismo (ser mais humano); criatividade (buscar o novo).

O segundo período do evento trouxe a escola e o professor para o centro debate. A psicóloga Rosely Sayão, que mantém colunas em jornais paulistas sobre educação, filhos e afins, traçou um panorama sobre o que contribui para que a educação escolar fique desacreditada. “Um dos motivos é que há muita reclamação, principalmente dos próprios professores, mas poucas atitudes para mudar”, sinalizou. Para a consultora, a sala de aula foi aos poucos se tornando cenário de guerra, em que as autoridades [professores] deixaram de ser respeitadas. “Precisamos trabalhar respeito do aluno com o educador.”

 

“Sou contrária à ideia saudosista de que no passado era diferente. Em 1950, por exemplo, não se tratava de respeito, mas de medo. Antes, o aluno tinha papel passivo, e o professor, de passar informação. Mas o mundo mudou. Hoje, o aluno recebe a informação e participa dela”, afirmou, lembrando que professores devem ficar atentos à função social da carreira. De acordo com a psicóloga, há grupos de estudos informais, isto é, que se formam fora do ambiente acadêmico, em busca de aprofundamento para compreender essas mudanças. 

Como sugestão, Rosely falou em trabalho em equipe que resulte em produção coletiva, além de maior tempo para alunos e professores. “Gastamos muito tempo com os pais. Precisamos ter em mente que nosso tempo é destinado aos alunos. Na escola, não existem filhos de fulano ou beltrano, existem alunos. E nela as autoridades somos nós. Os pais precisam perceber nossa autoconfiança em relação ao trabalho.”

 

Realização

O Cel.Lep in school é realizado pelo Cel.Lep Ensino de idiomas S.A, instituição parceira do CPP desde julho deste ano (associados têm 10% de desconto – veja aqui). Segundo Felipe Franco, diretor geral, o objetivo do evento, que chegou à terceira edição em 2016, é proporcionar um jeito diferente de pensar o lado pedagógico, com participação de escolas parceiras e não parceiras.

“Como instituição educativa, é natural que queiramos dividir conhecimento com pessoas reconhecidas da área acadêmica. Contribuir para que integrantes de escolas reflitam sobre temas de interesse é gratificante”, disse.