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Para Vanice Camargo, do Colégio Paulicéia, a habilidade musical eleva autoestima dos alunos atípicos

É comprovado que a música traz benefícios a todas as pessoas, como redução de estresse, auxílio na concentração, estímulo à memória, relaxamento da mente e tantas outras funções. Mais do que isso, ela foi classificada como uma das nove múltiplas inteligências do ser humano, segundo o psicólogo estadunidense Howard Gardner. De acordo com o estudioso, cada pessoa possui mais facilidade com determinada área do conhecimento e, entre elas, está a musical, em que o indivíduo tem fortes habilidades para tudo que está relacionado ao som.
 
Sabendo da sua importância, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) prevê a interação entre crianças e os mais diferentes sons, movimentos e ritmos logo nos primeiros anos de vida, respeitando as expectativas de aprendizagem de cada faixa etária. Especialmente para crianças com deficiência, a educação musical se torna uma ferramenta importantíssima para ajudar no crescimento. Para Vanice Camargo, responsável pelo desenvolvimento artístico dos alunos com dificuldades cognitivas do Colégio Paulicéia, a música torna-se um canal de comunicação e auxílio na parte social e emocional. “A música é tudo para essas crianças, é uma forma de demonstração de suas emoções, mas, principalmente, uma realização pessoal, de se posicionar como uma pessoa capaz, que pode superar seus limites”, afirma.

A professora, que atua há 33 anos na área, diz que crianças deficientes podem sentir dificuldade no âmbito escolar e se descobrirem no cantar ou ao tocar um instrumento, o que se transforma em motivação e autoestima. Por isso, quanto mais cedo os pais puderem desvendar a facilidade da criança, melhor conseguirão explorar e desenvolver a habilidade dela. Segundo Vanice, o dom da criança pode ser notado facilmente por meio das próprias brincadeiras. “No brincar já é possível perceber a tendência e desenvoltura, como ritmo, dança, cadência, se gosta de manusear certos brinquedos. Algumas características se destacam”, explica. O poder da música ultrapassa a deficiência auditiva, fazendo com que crianças surdas também sejam acolhidas por meio da vibração dos instrumentos.

No Colégio Paulicéia, os próprios alunos incentivaram a escola a criar um concurso de música chamado The Voice Pauli. O programa, que já está na terceira edição, foi aceito como uma oportunidade de estimular a coordenação e aptidão dos estudantes, que escolhem o próprio repertório. As apresentações finais são abertas a pais, amigos e familiares e todos recebem um certificado de participação.

Independente da deficiência da criança, é importante fazer com que ela tenha contato com a música para que estimule seu desenvolvimento social, emocional e pedagógico. “Para mim, não existe ‘não consigo, isso não é para mim’. Qualquer um pode aprender desde que queira. Não existe barreira, depende de nós, profissionais, criar oportunidade e facilidade para a criança”, finaliza Vanice.