Saber que 21,5% dos professores que lecionam nos finais do ensino fundamental, não fizeram ensino superior  e que 35,4% dos professores não são habilitados para dar aula por acaso é novidade? Quando eu estava no magistério na década de 90 era muito comum ter professores nas salas de aula que não tinham habilitação. Naquele tempo era preferível pegar um dentista para dar aula de Ciências do que deixar os alunos sem aulas, um engenheiro para dar aulas de Matemática etc. Os professores eram chamados de “farsantes” entre eles, no bom sentido, durante o dia tinham a sua profissão e a noite faziam “bico”. Já se passaram mais de vinte anos e o caos continua o mesmo. Naquele tempo, os alunos não batiam nos professores e não eram violentos. É de se perguntar onde foi que erramos? Muito simples, os pais por não darem limites aos filhos e nem acompanhar o desempenho deles na escola, o governo por permitir que esse descalabro continue,  os professores por se sujeitarem a ganhar uma miséria e não investirem em sua qualificação. Como se vê o problema da Educação é eterno. Entra e sai governo e o ensino continua um lixo. As  escolas privadas vão bem e remuneram bem seus professores, exigem, mas pagam. O Estado nem exige, nem paga. Assim a Educação fica barata. O pouco que lhe é destinado se perde no meio do caminho. As mudanças na sociedade criam demanda e orientam escolhas profissionais. Vários são os cursos na área de Saúde, Informática, Exatas, Ciências Sociais com salários atraentes, mas quando chega na área da Educação o salário está lá embaixo e o interesse das pessoas é ínfimo. Estudar para quê, o ególatra que dirigiu esse país por dois mandatos dizia que sentia azia ao ler, pessoas bem informadas dão trabalho aos legisladores. O melhor mesmo é mantê-las na ignorância e fingir que a Educação vai salvar o país, pois em breve não faltarão na tevê, candidatos caras de pau dizendo que vão melhorar a Educação e aí, o povo que não lê, não se informa e tão pouco se importa com o atraso brasileiro vai lá e vota nos picaretas.Brasil, um país de tolos que se deixam enganar, um terreno fértil  para os candidatos.

Por Izabel Avallone, professora aposentada e associada do Centro do Professorado Paulista (CPP) – enviado por email

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