O PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é hoje o principal indicador da área de educação. Nesse temos avaliados temas de matemática, leitura e ciências, com jovens de 15 anos, a cada três anos.

A recente divulgação dos dados da avaliação de 2012[1], permitiu fazer um comparativo das notas de 2003 e 2012, fazendo relevantes destaques a mudanças e estagnações na educação brasileira. Um primeiro dado que chama a atenção é a melhora percentual que o Brasil alcançou. Sem entrar em pormenores, notamos que em matemática, por exemplo, o Brasil saiu de 356 pontos em 2003 para 391 pontos no ano passado. É uma melhora significativa se pensarmos o tanto de esforço empreendido para cada ponto acrescido. Mas o Brasil ainda se encontra distante da pontuação média da avaliação. O Brasil ficou em 58º lugar entre 65 países.

Outro ponto de destaque é a questão de gênero. Nessa mesma avaliação de matemática a diferença de pontos entre meninos e meninas é de 18 pontos a mais para o sexo masculino. O relatório aponta que essa é a maior diferença entre os países que realizam o teste, e mais preocupante essa diferença se mantém estável desde 2003. É preciso notar que um país que se quer fazer democrático e acessível a todos, uma diferença de gênero dessa grandeza e que não sofre melhora em todo esse tempo é preocupante no sentido de não se poder perceber ação do governo em implementar políticas públicas que poderiam construir um cenário melhor nesse aspecto.

Mas há que se notar avanços no Brasil. A quantidade de estudantes com 15 anos matriculados era 65% em 2003 e em 2012 foi de 78%. Foi um acréscimo de 425 000 estudantes no sistema de ensino. Um acréscimo de 18%, o segundo maior dentre os países que realizaram o PISA. Isso mostra que a política de universalização do ensino no Brasil está enraizada e cada vez menos admitiremos que jovens fiquem fora da escola, no que se refere à educação básica.

O que os resultados do PISA nos mostram é que  temos muito a melhorar se quisermos alcançar a tão sonhada, e tão em moda, educação de qualidade, seja ela nota boa no PISA ou não. Nossa melhora na avaliação mostra que estamos progredindo, mas o que preocupa é a sua velocidade, se nesse ritmo atenderemos essa geração com educação de qualidade ou se mais uma geração deverá passar para que isso ocorra? E ainda fica a pergunta, o que realmente significa educação de qualidade e como fazê-la em escala?

Por Gesley Fernandes, graduando em Administração Pública na Fundação Getúlio Vargas – São Paulo. É pesquisador e trabalha no setor de Educação.

 

SECOM/CPP