Há dois anos, tornava-se mundialmente conhecida Malala Yousafzai, a jovem paquistanesa vítima de um atentado por lutar pela educação das meninas e adolescentes no Paquistão – país dominado pelos talibãs, que são contrários à educação feminina. 

 

O caso ocorreu em 9 outubro de 2012, quando Malala, com apenas 15 anos, foi baleada na cabeça ao sair da escola. No noroeste do país, região ultraconservadora, espera-se das mulheres dedicação plena às tarefas do lar, o que as distancia da escolaridade. Malala, entretanto, seguia na contramão desse princípio.

 

No início de sua infância, a educação das meninas não era totalmente questionável. A partir dos anos 2000, contudo, o regime talibã se expandiu, dominando a região em 2007. Já no ano seguinte, em 2008, o líder talibã local determinou a interrupção de aulas para meninas durante um mês. 

 

Neste período, Malala tinha 11 anos. Seu pai, dono da escola onde ela estudava e ativista da educação, pediu ajuda aos militares para continuar dando aulas às meninas, mas a situação era tensa. 

 

Foi quando a jovem começou a escrever um blog, “Diário de uma Estudante Paquistanesa”, em que relatava a paixão pelos estudos e os obstáculos enfrentados no Paquistão sob regime talibã. Apesar de o blog ser escrito com pseudônimo, Malala não tinha receio de defender em público a educação feminina.

 

Desde então, ela passou a conceder entrevistas a diversos canais de TV e jornais, participou de um documentário e foi indicada ao Prêmio Internacional da Paz da Infância em 2011 – do qual não foi ganhadora na época, mas foi laureada em 2013.

 

A família de Malala temia ataques, mas imaginava que, se houvesse, seria contra o pai da menina, Ziauddin Yousafzai. Em 2012, quando a jovem foi vítima do atentado, a situação do local já estava mais calma, o que chocou ainda mais os parentes.

 

A caminho de casa, ao deixar a escola, dois jovens subiram no ônibus que a levava e dispararam contra a cabeça da jovem. Outras duas meninas também foram baleadas. Malala foi socorrida e levada de helicóptero para o hospital militar Peshawar, onde passou por cirurgia. 

 

O caso foi acompanhado pelo mundo, inclusive com auxílio direto de médicos britânicos. Malala chegou ao Reino Unido seis dias depois do ataque. Ela permaneceu em coma induzido e despertou dez dias depois, mostrando-se consciente. A recuperação surpreendeu os médicos.

 

Nobel da Paz

 

Na última sexta-feira, 10, Malala Yousafzai (17) venceu o Prêmio Nobel da Paz de 2014. A cerimônia de divulgação ocorreu em Oslo, na Noruega. Ela é a mais jovem ganhadora do prêmio em 122 anos de história. Dedicando o prêmio às crianças “sem voz”, a ativista afirmou que continuará na luta pela educação e liberdade.

 

Secom/CPP