As mudanças propostas pelo novo plano municipal de educação representam uma luz no fim do túnel para mudar a realidade do ensino em São Paulo. Se elas, de fato, vão dar certo só o tempo dirá, mas não dava mais para conviver com o modelo atual adotado nas escolas públicas, que permite que alunos que mal sabem ler e escrever sejam aprovados automaticamente.

 

O resultado dessa política está refletido em todos os rankings de avaliação das escolas brasileiras, nos quais São Paulo tem uma participação vergonhosa, indigna da sua pujança e da sua riqueza. Para se ter uma ideia da situação de calamidade que vivemos hoje, entre os 39 municípios que compõem a grande São Paulo, a capital aparece em 35o lugar na lista das cidades que têm melhor nota na Prova Brasil 2011 do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), calculado com base no conhecimento dos alunos e nas taxas de aprovação.

 

O novo plano, cujos pilares foram consolidados na consulta pública do programa Mais Educação São Paulo, foi anunciado nesta semana pelo prefeito Fernando Haddad como um conjunto de medidas que pretende resgatar valores históricos do ensino público. Entre esses valores estão a exigência de provas bimestrais, a volta do boletim com notas de zero a dez, relatórios de acompanhamento e lição de casa regular. Os nove anos do ensino fundamental passam a ser divididos em três etapas: ciclo de alfabetização (1o ao 3o), interdisciplinar (4o ao 6o) e autoral (7o ao 9o).

 

O mais importante marco da mudança é o fim da tal progressão continuada, na qual os alunos são empurrados de uma série para outra sem passar por avaliações que justifiquem o avanço na cadeia de evolução do seu aprendizado. O que foi criado com o objetivo de impedir a evasão escolar, já que a repetência desestimula a continuidade de alunos mal preparados, acabou virando um tiro no pé na medida em que formou uma legião de estudantes que chegam ao vestibular e ao mercado de trabalho praticamente analfabetos funcionais, daqueles que mal sabem assinar o nome.

 

Editorial do último sábado (12), do jornal Diário de São Paulo.

SECOM/CPP