Somente na região de Maringá, ao menos 9 escolas ficarão fechadas nos próximos 14 dias porque educadores foram contaminados

A APP-Sindicato diz que essa é uma daquelas denúncias que ela não gostaria de fazer, mas, pelo dever do ofício, a entidade afirma que não pode prevaricar. Afinal, continua a organização, foram diversos alertas e de solicitações do sindicato ao governo do Estado para que os dois dias de estudos da Semana Pedagógica fossem realizados de forma virtual. Apesar das reivindicações, o governador Ratinho Junior (PSD) optou por acreditar que o vírus que assola o mundo não ultrapassaria os muros da escola e obrigou que professores e funcionários voltassem às escolas para a realização da Semana Pedagógica.

O resultado é que, até a manhã de quinta-feira (18), a direção estadual da APP-Sindicato identificou, somente na região de Maringá – Noroeste do Estado, ao menos nove escolas que passarão os próximos 14 dias fechadas em quarentena porque educadores foram contaminados pelo novo coronavírus após a realização dos encontros da Semana Pedagógica de forma presencial. “É lamentável. É um atentado à vida. Se isso aconteceu desta forma com a presença de professores e funcionários, imagina quando estiverem os estudantes circulando?”, questiona o presidente da APP-Sindicato, professor Hermes Silva Leão.

Desde o ano passado, a APP-Sindicato denuncia que o governo obriga professores e funcionários a permanecerem no ambiente escolar durante a pandemia. Os relatos são de falta de cuidados, produtos e equipamentos básicos, como sabonetes, álcool em gel, máscaras, até treinamentos para os funcionários que fazem a limpeza.

“O governador e o secretário parecem desconhecer a realidade das escolas públicas e do que é dinâmica de uma escola repleta de estudantes. As aulas presenciais, neste momento, em que a vacinação não chegou à grande maioria da população, é um atentado à vida. O governo do Paraná está levando nossos professores, funcionários e estudantes para um caminho que pode resultar em inúmeras mortes. Isso é grave, é desumano”, reforça o presidente da APP.

O secretário de Comunicação da APP-Sindicato, Luiz Fernando Rodrigues, alerta para um agravante: “Na macrorregião de Maringá, que compreende Maringá, Campo Mourão, Umuarama e os municípios em torno desta cidade, havia apenas 5 leitos disponíveis para os casos graves de Covid-19 para uma população de mais de 1 milhão de pessoas. Estamos fazendo um levantamento detalhado também da situação nos hospitais públicos e temos constantemente alertado o governador, o secretário, os deputados e prefeitos que nosso Estado não tem condições estruturais e sanitárias de enfrentar um retorno às aulas de forma presencial.”

Diante da gravidade da situação, a APP-Sindicato orienta que a comunidade escolar organize a sua participação na greve que começa no dia 1º de março, quando está previsto o retorno presencial com alunos. Conforme definido em assembleia, a paralisação será nas atividades presenciais, mantendo as aulas on-line. O Sindicato também defende que funcionários e equipes diretivas e pedagógicas possam realizar as atividades de maneira on-line.

O Sindicato disponibiliza um formulário e um e-mail para denúncias (que podem ser anônimas) sobre as condições sanitárias das escolas. Preencha o formulário e envie fotos para o e-mail: diagramacao@app.com.br. Já para os educadores que participarem de qualquer atividades presencial convocada pelos Núcleos de Educação ou direções escolares, e, após o período, forem diagnosticados com Covid-19 é fundamental que preencham a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) especificando que contraíram o coronavírus após convocação para o trabalho presencial. O documento deve ser protocolado no Núcleo Regional de Educação. Os sindicalizados, também podem procurar a APP-Sindicato para orientações sobre a denúncia junto ao Estado.

Nos próximos dias, os dirigentes do Sindicato intensificam visitas às escolas para verificação de situações de descumprimento de resoluções e decretos do próprio governo e conversarão com profissionais, pais, mães e estudantes sobre as propostas da APP-Sindicato para a realização de aulas on-line e em defesa da vida.