Eventos incluem exposições na Pinacoteca, Museu Catavento, Memorial da América Latina, Museu Afro Brasil, Museu da Imagem e do Som e Museu da Arte Sacra de São Paulo
Entre 13 e 17 de fevereiro, quando ocorreram as exposições há 100 anos, haverá uma projeção mapeada – técnica que permite que superfícies irregulares possam ser utilizadas como telas para projeção de conteúdos midiáticos – na fachada do Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo de São Paulo. As imagens também poderão ser vistas de forma on-line por meio da plataforma Cultura Em Casa.
O MIS Experience, do Museu da Imagem e do Som, será palco de uma exposição interativa e imersiva sobre Cândido Portinari, que se destacou no movimento modernista brasileiro por volta da década de 30. Para o secretário estadual de Cultura, Sérgio Sá Leitão, esta “tem tudo para ser uma das exposições mais vistas, mais procuradas, mais desejadas do ano em São Paulo”.
Segundo o secretário, a programação marcará a reabertura do espaço, que foi ampliado após a exposição sobre Leonardo Da Vinci, que inaugurou o local em 2019. “Agora, o MIS Experience ganha a sua feição definitiva, aquilo que queríamos ter feito desde o início”, disse o responsável pela pasta.
Além das exposições artísticas, a Secretaria da Cultura também anunciou a ampliação do Museu Casa Mário de Andrade, um dos maiores nomes envolvidos na organização da Semana de Arte Moderna de 1922. O local, que atualmente tem 280 m², será incorporado pelas duas casas que restam do complexo da antiga residência da família Andrade e passará a ocupar uma área de 580 m².
“Isso também ficará como um dos legados da celebração do centenário”, disse Sérgio Sá Leitão. “Acho que com isso a gente completa o projeto do Museu Casa Mário de Andrade.”
Em referência ao ciclo de concertos modernistas programado para ocorrer na Sala São Paulo, o quarteto de cordas da Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp) Tom Jobim abriu o evento da secretaria nesta terça com uma apresentação de peças do compositor Villa-Lobos, um dos que se apresentou no Theatro Municipal durante a Semana de 22. Dentre as músicas tocadas, “Trenzinho Caipira”, composição mundialmente reconhecida do musicista.
Veja a programação:
13/01 a 20/12 – Exposição “Modernismo – destaques do acervo” na Pinacoteca, com 134 obras de artistas modernistas;
10/02 a 31/03 – Exposição “O Atelier de Brecheret'” no Museu Catavento, sobre a vida e a obra de Victor Brecheret;
13/02 a 13/04 – Exposição “Pilares de 22” no Memorial da América Latina, com caricaturas de artistas brasileiros que influenciaram o modernismo no restante da América Latina;
25/02 a 30/06 – Exposição “Esse Extraordinário Mário de Andrade” no Museu Afro Brasil;
13 a 17/02 – Projeção mapeada “100 anos de Modernismo / São Paulo celebra a Semana de 22”, do Estúdio Bijari, na fachada do Palácio dos Bandeirantes;
05/03 a 10/07 – Exposição imersiva e interativa “Portinari Para Todos” no MIS Experience;
10/03 a 18/12 – Ciclo de concertos “Clássicos Modernistas”, com a execução pela Osesp (Orquestra Sinfônica do estado de São Paulo) na Sala São Paulo de 122 obras de compositores influenciados pelo modernismo;
16/04 a 12/06 – Exposição “A Arte Sacra dos Modernistas” no Museu de Arte Sacra de São Paulo, com obras de artistas modernistas criadas a partir da religiosidade e da fé;
1ª quinzena de abril a julho – Exposição multimídia e interativa “100 Anos Modernos” no MIS, com curadoria de Marcello Dantas;
Sem data definida (expectativa é que aconteça em abril) – Inauguração da galeria multimídia do Muse Casa de Portinari, apresentando as obras de Candido Portinari reunidas em seu Catálogo Raisonné.
De acordo com o secretário estadual de Cultura e Economia Criativa, cerca de 69% das 270 atividades planejadas para a comemoração do centenário da Semana de 22 já foram realizadas desde julho de 2021 até terça-feira (8).
O edital do Programa de Ação Cultural (ProAC) voltado para o tema teve 494 projetos inscritos, superando as expectativas do governo estadual, que selecionou apenas 16 iniciativas, sendo 10 do interior e 6 da capital paulista.
A “Agenda Tarsila”, plataforma criada pela secretaria para reunir as programações relacionadas ao centenário – organizadas por prefeituras e pelo próprio estado –, iniciada em setembro de 2021, já atingiu 500 atividades onlines e presenciais compiladas, disponíveis para acesso do público. “A ideia é que quando terminarmos o ano, e o programa se encerrar, a Agenda ficará disponível, inclusive para pesquisadores e pessoas que no futuro quiserem saber o que foi feito a respeito do tema”, afirmou Sérgio Sá Leitão.
Semana de Arte de 1922
Iniciada no Theatro Municipal de São Paulo em 13 de fevereiro de 1922, a Semana de Arte Moderna declarou o rompimento com o tradicionalismo cultural associado às correntes literárias e artísticas anteriores.
O manifesto artístico-cultural reuniu diversas apresentações de dança, música, recital de poesias, exposição de obras – pintura e escultura – e palestras.
Inspirados nas vanguardas europeias como o Dadaísmo, o Futurismo e o Cubismo, os artistas expuseram pinturas com cores quentes e tropicais, que apresentavam figuras humanas distorcidas, quebrando com a simetria e as devidas proporções dos padrões artísticos reverenciados pela Academia Brasileira de Belas Artes da época.
Tarsila do Amaral, embora um ícone do modernismo brasileiro, não esteve presente na Semana de 22. Sua arte, porém, foi impulsionada pelo evento, que inspirou o Movimento Antropofágico brasileiro criado por ela e seu companheiro, Oswald de Andrade.
A partir da Semana de Arte Moderna de 1922, a arte nacional ganhou uma valorização nunca antes vista no país, e a cidade de São Paulo se tornou o berço desse modernismo artístico com a cara do povo brasileiro.
Fonte: Portal G1