Uma das mais amadas, célebres e exitosas escritoras de literatura infantojuvenil brasileira, a paulista Ruth Rocha é a autora, entre muitas obras, do clássico Marcelo, Marmelo, Martelo. A escritora tem mais de 200 livros publicados e já ultrapassou mais de 12 milhões de exemplares vendidos, com tradução para vários idiomas. Ruth Rocha é indiscutivelmente um fenômeno editorial.

Seus 50 anos de carreira serão completados em 2017, mas as comemorações já começaram. Atualmente, Ruth trabalha na atualização de uma coleção de livros didáticos de sua autoria. Para encerrar as comemorações aos professores com chave de ouro, o portal CPP convidou a célebre escritora para uma entrevista. Confira.

Portal CPP: A senhora começou a escrever para crianças aos 38 anos. O que a motivou? O que fazia antes de se tornar uma grande escritora?
Ruth Rocha: Antes de escrever para crianças fui Orientadora Educacional e lidava bastante com crianças.

Quais os escritores que marcaram a sua infância?
O grande Monteiro Lobato foi a influência literária da minha infância. Mas meu avô Yoyô foi quem me iniciou na alegria de ouvir histórias. Ele sabia de todas as histórias que existiam e contava essas histórias com muita graça.

Despertar o interesse pela leitura é um grande desafio para os professores do ensino fundamental. Qual a sua sugestão para que os educadores possam estimular a leitura pelo prazer de ler?
Em primeiro lugar sugiro que os professores leiam. Leiam muito, para poder não só orientar seus alunos, mas também para inspirarem suas crianças.

Que estilo de leitura marcou a sua infância para incentivá-la a escrever?
Como eu já disse acima, foi Monteiro Lobato. Mas eu acredito que para escrever, seja para crianças, seja para adultos é necessário que se leia todo tipo de livro, todo tipo de jornais e revistas; cada livro que se lê, goste ou não, influencia na formação do nosso estilo.

Suas obras como Marcelo, Marmelo, Martelo; Bom dia, todas as cores!; Terezinha e Gabriela; Historinhas malcriadas; O reizinho mandão, As coisas que a gente fala, entre muitas outras, há décadas encantam gerações. Ao escrever para milhões de brasileirinhos, qual o seu maior objetivo?
Na verdade, acredito que todo escritor escreve para se expressar. É claro que queremos ser lidos. Mas o que nos impulsiona vem de dentro de nós.

A revista Recreio, no final da década de 60, marcou o início de sua vitoriosa trajetória. As histórias eram específicas às crianças em fase de alfabetização. Mais tarde, o público foi contemplado com as suas matérias de conteúdo pedagógico, na revista Educação. Em sua opinião, qual o caminho para que a alfabetização no Ensino Fundamental tenha mais qualidade?

Em primeiro lugar acredito que a qualidade do ensino depende do professor. Mas o apoio que for dado às famílias, desde a infância da criança, como creche, como educação infantil, como saúde, como o saneamento básico, como assistência à gravidez e ao parto é importantíssimo para o desenvolvimento da criança. E o bom desenvolvimento é essencial para a vida escolar de todos.