Para falar dos desafios de administrar a complexa Educação paulistana, o Portal CPP convidou o Secretário Municipal de São Paulo, Alexandre Schneider, do governo João Doria Júnior, para ser o primeiro entrevistado de 2017.

 

Portal CPP: Qual o seu maior desafio na Secretaria Municipal da Educação?

Secretário Alexandre Schneider: O grande desafio, e que é permanente, é a redução das desigualdades na Educação. Hoje, um grande número de crianças em situação vulnerável ainda não está frequentando a Educação Infantil. É preciso olhar as crianças mais pobres e ver se conseguimos colocá-las na fila de atendimento em creche. Elas precisam ser priorizadas e estamos fazendo estudos neste sentido. No caso do Ensino Fundamental é a qualidade, um desafio não só de São Paulo, mas do país inteiro. Vamos estruturar o currículo da Rede Municipal, alinhado à Base Nacional Curricular, com foco em incorporar habilidades e competências do século XXI e tornar a cidade de São Paulo uma liderança no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica – IDEB.
Por outro lado, todas as despesas da Educação estão sendo reavaliadas. Hoje, faltam recursos na Educação na ordem de R$ 700 milhões. Para andar sem fazer nada novo, é preciso fazer um ajuste deste valor. Como fazer? De um lado verificar as principais despesas e como fazer mais com menos. Exemplo: aluguéis. Gastamos R$ 120 milhões por ano com aluguel de prédios para o funcionamento de creches. Se reduzirmos 30%, já temos ai quase R$ 40 milhões. É importante destacar que o que está decidido neste início de gestão é estudar essas despesas e dar a melhor solução.
Esta me parece ser duas frentes a serem encaradas. Dois grandes desafios.

Quais as iniciativas para valorizar o professor?

Valorizar o professor, além de contribuir na sua formação de forma permanente, é ouvi-lo. Algumas mudanças recentes na Educação Municipal geraram um aumento na reprovação e, consequentemente, no abandono escolar, sem melhoria no ensino. Vamos discutir com a rede as saídas para enfrentar essa situação. É um trabalho que durará este ano todo e será construído com os profissionais da educação. Por outro lado, vamos chamar este ano cerca de 5 mil professores aprovados em concursos tanto na Educação Infantil quanto no Ensino Fundamental II.
Vamos adotar medidas que façam o professor sentir que estamos próximos dele e trabalhando para melhorar seu dia-a-dia na rede. Sem esquecer, claro, de garantir os aumentos já pactuados com os sindicatos da categoria.

 

Quais as medidas para suprir a demanda reprimida das creches

Nossa maior demanda por vagas em creche está nos extremos, para onde a cidade cresceu, e onde não podemos entrar com recursos públicos, porque não é possível construir. As parcerias, neste caso, são uma grande saída. Vamos trabalhar metas regionalizadas na fila de creche. No primeiro ano temos o desafio de criar 66 mil vagas em creche, número deixado em 31 de dezembro de 2016 pela gestão anterior.
Temos obras paradas de creches, que retomaremos; vamos trabalhar para estruturar um novo modelo de parcerias, que crie vagas mais rapidamente e com garantias de qualidade; utilizar imóveis eventualmente cedidos pelo setor privado, com reformas bancadas por eles. Além disso, contamos com o Fundo Municipal da Criança e do Adolescente (Fumcad). Nosso estudo com a Receita Federal mostra que podemos arrecadar até R$ 400 milhões para a Educação Infantil. Esses fundos podem chegar à Prefeitura ao longo do ano e permitir uma expansão ainda mais acelerada das creches. O que tem de simbólico nestas iniciativas é todos ajudando a gerar matrículas em creches, sem tirar o papel da Prefeitura.
 

Qual a sua mensagem para o professor da rede municipal de São Paulo neste início de ano letivo?

Temos grandes desafios, no início desta gestão, à frente da Rede Municipal de Ensino. E estamos bastante entusiasmados em trabalhar, mesmo com as dificuldades do dia-a-dia, para a melhoria do ensino na nossa cidade. Para isso contamos com o professor. Sabemos que, nesta construção conjunta, conseguiremos êxitos em todas as nossas metas.