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Os secretários estaduais de Educação vão manter a suspensão das aulas, apesar do pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro, que criticou a medida na noite de terça (24). A fala de Bolsonaro vai na contramão de ações do próprio MEC (Ministério da Educação). A interrupção de aulas busca combater a disseminação do coronavírus. O Consede (Conselho Nacional de Secretários de Educação) divulgou nota nesta quarta (25).
 

“Manter as aulas presenciais suspensas é um ato de responsabilidade, para proteger não apenas a vida dos nossos estudantes e servidores mas de todos aqueles que estão em seu entorno, especialmente os idosos e com doenças crônicas”, diz texto.
 

O conselho representa os secretários estaduais de Educação. Todas as redes estaduais do país já determinaram interrupção de aulas, medida adotada em 157 países pelo mundo. O Consed informou que “continuará seguindo as determinações dos governadores de estado, norteados pelas orientações da Organização Mundial de Saúde e das principais autoridades médicas e científicas internacionais e nacionais”.
 

O Brasil tem cerca de 48 milhões de estudantes e cerca de 80% estão em escolas públicas. As redes estaduais reúnem 16 milhões de alunos. As restrições também atingem escolas particulares e redes municipais. Pelas redes sociais, o presidente da Undime (órgão que reúne dirigentes municipais de Educação), Luiz Miguel Garcia, respondeu à fala de Bolsonaro. “Sr. presidente, não seremos irresponsáveis com nossos alunos e com a sociedade”.
 

As escolas de educação básica somam 2,2 milhões de professores. Segundo questionário da Prova Brasil, realizado pelo governo federal, 59% dos professores têm mais de 40 anos, sendo que 8% têm mais de 55 anos.
 

A fala de Bolsonaro ainda vai na contramão de ações tomadas até pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, que em geral tem postura alinhada com a do presidente. “É mentira que estou chamando as crianças a voltar às aulas”, disse o ministro em rede social. Ele também negou que haja decisão sobre suposto adiamento da prova do Enem deste ano. Weintraub já autorizou aulas a distância em instituições federais e particulares de ensino superior. Também criou um comitê para discutir com vários órgãos ações articuladas diante da pandemia.
 

Os servidores do MEC foram autorizados a trabalhar de casa. “Dispensei quase todos para trabalhar em casa e tenho ficado no MEC com uma equipe reduzida. Há decisões e reuniões que não podem ser feitas remotamente”, escreveu ministro na terça, em rede social, ao divulgar o resultado negativo do seu exame para a Covid-19. O jornal Estado de São Paulo questionou o MEC sobre se haverá novas orientações a partir da fala do presidente. A pasta não respondeu até o fechamento desta edição.