Auditório Franco Montoro/Leila Ofélia

A reforma da Previdência de João Doria (PSDB) está suspensa desde sexta-feira (6) à noite por determinação judicial do desembargador Alex Zilenovski. A suspensão, no entanto, não tirou o ânimo do funcionalismo de lutar contra a proposta. Nesta segunda-feira (9), como previsto, a Assembleia Legislativa do Estado de SP recebeu dezenas de servidores públicos, especialmente professores.

O CPP foi representado pelas vice-presidentes Loretana Pancera e Maria Lúcia de Almeida, além da diretora Maria Claudia Junqueira. Todos se reuniram com a deputada Professora Bebel (PT) no auditório Franco Montoro e reiteraram a mobilização permanente até que a mudança nas aposentadorias seja retirada de pauta.

De diversas categorias, os funcionários públicos chegaram cedo à Alesp, por volta de 8h. Em reunião, ficou decidido que a casa do povo será ocupada durante todo o processo de tramitação da reforma. O objetivo é convencer deputados a rejeitarem o projeto que, entre outros fatores, aumenta a alíquota de contribuição de 11% para 14% e modifica o sistema de idade para concessão do benefício. De forma unânime, os professores se posicionaram a favor da mobilização e aproveitaram para fazer um chamamento aos demais colegas. “O momento é de união” foi a frase de ordem.

De acordo com a deputada Professora Bebel, os partidos de oposição já fecharam questão e vão trabalhar com obstrução de pautas caras ao governo, como votação do orçamento 2020. “Faremos o que for possível para impedir que a reforma passe, inclusive obstruindo discussões de interesse do governador”, disse. Os presentes concordaram e, na sequência, saíram em passeata com cartazes pelos corredores para chamar atenção de deputados.

Mais uma vez, o encontro teve apoio de membro do Congresso Nacional. A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL) participou do debate, sentada à mesa principal. Segundo ela, é importante participar e incentivar atos do funcionalismo público, mesmo porque a categoria está sob ataque constante, independentemente da esfera. “Precisamos impedir que servidores sejam criminalizados. Servidores não são marajás, como o governo do estado de São Paulo ou o governo federal pensa. Basta olhar os holerites de cada um”, disse.

A parlamentar lembrou ainda que houve reforma da Previdência em âmbito federal, mas que o Congresso conseguiu mudar alguns pontos nocivos, como o sistema de capitalização. Diante disso, a participação dela em São Paulo, mais do que no sentido de solidariedade aos funcionários públicos, tem o intuito de mostrar que a mobilização é necessária. “Há servidores que ganham um, dois salários mínimos, e o governo quer alíquota de 14%. É confisco salarial na prática. Só mobilização pode mudar.”

Em menos de 15 dias, a deputada é a segunda representante federal que comparece à Alesp em apoio aos servidores. No dia 2, foi a vez do senador Major Olímpio (PSL). Também em audiência pública, ele falou em apoio inegociável ao funcionalismo público, sobretudo policiais. “O governador deve ser chamado pelo que é: João Pinóquio Doria. Ele mentiu em campanha sobre reforma da Previdência e quer prejudicar os trabalhadores. Não podemos aceitar. Estou aqui para pedir que a Alesp deixe de ser um puxadinho do Palácio dos Bandeirantes”, disparou.

Os funcionários públicos se reunirão amanhã novamente na Alesp, a partir das 8h. A expectativa é que o governo recorra da decisão judicial e a liminar caia ainda nesta semana, o que deve levar a reforma novamente à discussão e votação na Casa.