Dispensa de funcionários interessados no PDV até agora já corresponde à economia de mais de 3,25% da folha salarial da universidade
O plano de demissão voluntária (PDV) da Universidade de São Paulo (USP), principal aposta da reitoria para driblar a crise financeira, já ultrapassou o nível mínimo de adesão para ser executado. A dispensa dos servidores interessados no PDV até agora já leva a uma redução de mais de 3,25% da folha de pagamento da USP, patamar necessário para por a medida em prática.
Em 2014, na média, a despesa com os salários da universidade foi de R$ 389 milhões por mês. A meta da reitoria é de aposentadoria antecipada de cerca de 1,7 mil funcionários. Contrário à medida, o sindicato teme “precarização” dos serviços.
O alcance da escala mínima de adesão foi confirmado na última sexta-feira (12/12) pela Diretoria de Recursos Humanos da USP. Segundo a resolução que criou o PDV, a execução do programa só era possível caso o patamar de economia de 3,25% na folha de pagamento fosse atingido. A reitoria espera chegar até 6,5% de diminuição. Hoje, 106,1% das verbas recebidas pela USP do governo estadual estão comprometidos com salários. Como opção para honrar compromissos, a reitoria usa reservas financeiras.
A administração ainda não informa, porém, o total de servidores que já se cadastraram no programa nem de quais faculdades ou institutos de pesquisa são os interessados. As inscrições, iniciadas em 17 de novembro, vão até dia 31. O balanço final será divulgado apenas na primeira quinzena de janeiro.
O PDV, que não se estende aos docentes, é direcionado a funcionários que têm entre 55 e 67 anos, com mais de 20 anos de carreira na universidade. A adesão é estimulada com benefícios financeiros. A expectativa é gastar R$ 400 milhões com o plano e as rescisões serão entre fevereiro e abril.
Caso haja interesse maior do que o previsto na demissão voluntária, é possível que a reitoria destine mais de R$ 400 milhões ao PDV. Um eventual aporte maior de recursos dependerá de análise técnica e aval do Conselho Universitário.
Polêmica. O PDV encontrou forte oposição de entidades estudantis e sindicais da universidade. Magno de Carvalho do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp), não vè benefícios aos servidores. “Estão iludidos com a possibilidade de ganhar um bom dinheiro de uma só vez. Outros PDVs, no setor público e privado, não deram certo para quem participou”, diz. Ele ainda acredita em ‘precarização’ e sobrecarga dos funcionários que continuarem. “Já temos setores estrangulados, como os restaurantes, os hospitais e a segurança”, critica.
O reitor Marco Antonio Zago defende a medida. “Não temos dinheiro para pagar (os servidores). Só tem um jeito: deixar que uma parte vá embora”, argumentou, na terça-feira, após reunião do Conselho Universitário. “A Universidade de São Paulo tem excesso de funcionários, comparada com equivalentes no mundo”, completou. A contratação de docentes e técnicos está suspensa desde fevereiro.
Reitoria diminui bolsa de monitor de salas de informática. A USp reduziu o valor da bolsa para alunos que trabalham como monitores das salas de informática. O auxílio caiu de R$ 545 para R$ 400, já previstos no edital para 2015. A reitoria nega que a medida esteja ligada à crise financeira. A intenção é, diz a direção, igualar a bolsa com outros auxílios pagos na universidade. O aviso foi dado na semana passada.
Neste ano, foram investidos R$ 2,518 milhões no programa, com 385 bolsistas. Para o ano que vem, garante a USP, a verba será igual ou maior. Outra queixa é de que contratos que iriam até 2015 foram interrompidos sem aviso prévio. Isso aconteceu, diz a USP, como ajuste às regras dos novos editais. Os dispensados poderão voltar, mas devem concorrer outra vez à vaga. A USP ainda sustentou que o “ensino de graduação é prioritário”.
As informações são do jornal O Estado de São Paulo
Secom/CPP