Miguel Torres

Se o governo trata com descaso os trabalhadores brasileiros, retirando direitos conquistados a duras penas, punindo a todos com juros elevados e provocando, com sua política econômica desacertada, a derrocada da indústria e um aumento desenfreado do desemprego, como ficam os aposentados e pensionistas nesta história?
 
São mais de 26 milhões de aposentados no País, dos quais cerca de 17 milhões recebem benefícios no valor de um salário mínimo. O restante, cerca de 9 milhões de pessoas, recebem benefícios acima do mínimo. A disparidade é que o reajuste daqueles que recebem um mínimo é feito de acordo com o aumento do próprio mínimo, com algum ganho real, e os demais só têm a reposição da inflação.
 
Com esta política de defasagem das aposentadorias, os benefícios perdem poder de compra, fazendo com que, com o passar dos anos, a grande maioria dos aposentados passe a receber igual ou próximo ao mínimo, apesar de ter contribuído para ter direito a um valor maior. E, quando algo é feito para favorecê-los, como a fórmula 85/95, o governo, prontamente, contra-ataca, e implanta a tal da “progressividade”, anulando, em poucos anos, os ganhos trazidos pela regra.
 
Se levarmos em conta que a inflação para os aposentados é mais onerosa, uma vez a grande maioria tem demandas próprias, como planos de saúde mais caros e a utilização de medicamentos de uso contínuo, além de muitos assumirem o sustento de suas famílias, chegaremos facilmente à conclusão de que eles não terão os recursos necessários para cobrir suas despesas mais básicas.
 
O governo tem de olhar com carinho para a situação dos aposentados e pensionistas. Além de reparar uma grande injustiça, o governo estará abrandando as dificuldades que eles enfrentam, distribuindo renda, recompondo o poder de compra das aposentadorias e oferecendo-lhes qualidade de vida. Temos de resgatar a dignidade do aposentado brasileiro, mas para isto precisamos da união de todos. Não podemos nos esquecer que, se hoje estamos trabalhando, amanhã engrossaremos o time dos aposentados.
 
Miguel é presidente da Força Sindical